Biologia Perdiz

Biologia da Perdiz Vermelha


Classificação Taxonómica desta espécie mais conhecida com perdiz comum, pertence ao Reino animal, ao Filo Cordata, a Classe das Aves, pertencendo a Ordem dos Galliformes.

A Familia dos Phasianidea é uma das sete famílias que compõem a Ordem dos Galliformes.

São exemplares da família  Phasianidea:  os faisões, os perus e claro as perdizes.

A Perdiz vermelha pertence ao Género Alectoris.

Sendo o nome cientifico da espécie Alectoris Rufa.

Como podemos ver neste slide a imagem apresenta um mapa da distribuição de 4 espécies de perdizes na Europa, sendo a espécie Alectoris rufa que predomina na Península Ibérica e Reino Unido, a espécie A. graeca apanha a extensão litoral até a Roménia, enquanto a A. Barbara restringe-se a Marrocos e Argélia praticamente e a A. Chukar a Turquia.




Começa-mos por falar na morfologia externa da perdiz em geral, a perdiz comum é uma ave essencialmente terrestre, apresenta uma plumagem de tons cinzento, preto, branco e ruivo, destaca-se a garganta branca orlada de negro, o ventre ruivo e o bico e as patas de um vermelho vivo, como podemos ver na imagem apresentada no nosso lado direito.

Os juvenis são essencialmente acastanhados.

Uma perdiz adulta pesa em média 500 gr com um comprimento de 34 a 40 cm.



Na imagem que se segue podemos ver a diferença da plumagem destas três espécies A. rufa, A. graeca e A. chukar, vendo a diferença entre as cabeças das três espécies e em pormenor de cada pena de cada espécie tendo a A. rufa  uma característica muito especifica em que na ponta da pena é de cor castanha e apresentando uma risca negra de seguida de uma branca sendo o resto da pena acinzentada enquanto que nas outras duas espécies podemos verificar a existência de duas listas negras.
A diferenciação entre adulto e juvenil só poderá ser vista até as primeiras 15 semanas.

Antes das 15 semanas:

  • As remiges secundárias, mais próximas do corpo tem tonalidade amarelada. 

  • A 1ª e 2ª remiges primarias são pontiagudas, com uma mancha esbranquiçada nas extremidades.


  • Nos machos a grossura do esporão vai aumentando

  • Nos juvenis existe uma pequena cavidade na parte superior da cloaca (Bursa de fabricius) com mais de um centímetro de profundidade que vai fechando à medida que avança a idade.

A diferença que existe entre macho e fêmea principalmente é no caso do macho a presença de esporão bem desenvolvido nas duas patas pois as fêmeas poderão ter presença de esporão mas apenas num tarso.

O tamanho do macho pode ser maior mais corpulento que a fêmea e o comprimento do tarso ser maior e mais grosso.

A reprodução desta espécie de uma maneira geral inicia-se em Março onde se costuma ver as perdizes aos casais e não em bandos por serem uma espécie monogâmica, dando inicio a postura nos fins de Abril até Junho podendo alargar o prazo dependendo das condições do ano.

A fêmea procura uma pequena depressão no meio da vegetação rasteira onde faz o ninho.

A Média de ovos por postura ronda os 14 ovos podendo variar entre os 10 e os 20.

Pode suceder casos em que as posturas podem ultrapassar 20 ovos, sendo estes casos explicados por situações em que o macho acasalou com mais de uma fêmea

A incubação é feita pela fêmea durante 23 a 26 dias.

As fêmeas mais velhas tendem a realizar a postura mais cedo.

É frequente a construção de dois ninhos consecutivos em que o macho fica encarregue da incubação de um ninho.
Devido a destruição dos ninhos quer pelos predadores, quer pelo homem, pela destruição do ambiente (fogo, cheias), pelo abandono do ninho pela perdiz devido a sua grande sensibilidade a taxa de nascimento em média costuma ser inferior a 50 %.

Se a destruição do ninho for feita cedo isto nos inícios do mês de Maio poderá acontecer uma segunda postura sendo a produtividade muito menor. 

Na altura da incubação uma população excessiva pode ter como consequência uma diminuição do sucesso reprodutivo, pois os machos são agressivos com as fêmeas chocas levando-as a abandonar o ninho
A Perdiz é uma espécie nidífuga, os perdigotos abandonam o ninho à nascença, permanecendo a ninhada junto da fêmea.

O primeiro voo ocorre normalmente por volta das seis semanas de idade, estando nesta altura os juvenis menos dependentes da progenitora, até lá podemos muitas vezes a progenitora enfrentar o perigo correndo na direcção oposta dos perdigotos com as assas abertas e fazendo barulho para atrair os predadores na sua direcção enquanto os perdigotos fogem na direcção contraria.
Vamos agora falar um pouco das doenças mais frequentes da perdiz.

E começamos pela Doença de pneumoencefalite aviaria mais conhecida por Newcastle que é uma infecção aguda, altamente contagiosa, que ataca sobretudo pintos, mas outras muitas espécies de aves também são acometidas.

Os sintomas poderão ser digestivos, respiratórios e nervosos.

A doença de Newcastle pode disseminar-se muito rapidamente e com muita facilidade através de aves selvagens como pardais, gralhas e corvos; excretado nas fezes e nas secreções respiratórias.

Não existe tratamento especifico para esta doença, apenas vacinas de prevenção.
A Micoplasmose são agentes patogénicos aviários (bactérias), responsáveis por doenças respiratórias e articulares.

A transmissão destas bactérias geralmente ocorre dentre ou entre espécies de hospedeiros estreitamente relacionados, sendo espécie-específicos.

Os micoplamas podem ser transmitidos horizontalmente por aerossóis, por contacto directo com outras aves ou indirecto através de pessoas, animais, ração, água ou durante o acasalamento.
As salmoneloses aviárias são doenças provocadas por bactérias do género Salmonella.

Essas bactérias infectam as aves e podem causar três enfermidades: a pulorose (Salmonella Pullorum) podemos ver o agente infeccioso na imagem; o tifo aviário (Salmonella Gallinarum) podemos ver o resultado desta doença e o paratifo aviário (o agente pode ser outra salmonela excepto a S. Pullorum e a S. Gallinarum), outros subtipos de tifo aviário.

Há mais de 2.500 sorotipos de Salmonela, embora só cerca de 90 podem infectar o homem e o animal. 
Os sinais clínicos são: pintos “tristes”, asas caídas, arrepiados e diarreia. As aves adultas podem apresentar queda de postura e diarreia. Em situação de stress a muda forçada.

A coccidiose é um parasita protozoário do género Eimeria, que provoca irritações no intestino e fígado podemos ver na imagem um fígado infectado.

Um exame às fezes pode revelar a presença de oócitos de Coccidia, podemos ver na imagem detalhadamente os passos para detectar esta doença.

Os sintomas evidentes são penas eriçadas, ásperas e sujas, olhos semi cerrados e pele despigmentada.
Existem enumeras espécies que atacam vários órgãos da perdiz.

A Lombriga do papo – Provocada pela Capillaria sp 

A Alimentação da Perdiz, é fundamentalmente uma ave fitófaga e granívora, podendo alimentar-se também de matéria animal como formigas, aranhas, minhocas entre outros.
A dieta da Perdiz vermelha é essencialmente é constituída por sementes sendo mais de 50 % da sua alimentação,  sendo a segunda fonte de alimento as folhas e raízes, apenas 6 % da sua alimentação total é para animais e flores.
Nas épocas de acasalamento e nidificação, as perdizes tem um índice de retenção e de assimilação superior.

Ao longo do ciclo de vida a alimentação varia conforme disponibilidade e as suas necessidades proteicas.

A disponibilidade de alimento implica que esse alimento esteja ao alcance das perdizes.
A disponibilidade de alimento influência a formação de casais e consequentemente bandos.

O melhor alimento será o fornecido pelas culturas cerealíferas, já que a perdiz se alimenta da semente deitada ao solo, das folhas tenras quando nasce e do grão produzido.

As culturas de cereais também são o abrigo de inúmeros insectos que servem de alimento.
A alimentação dos perdigotos inicialmente é constituída essencialmente por pequenos insectos, mudando com o crescimento onde na quarta semana a alimentação animal só já é de apenas de ¼ da sua alimentação sendo essencialmente constituída por sementes.
A alimentação do perdigoto nos primeiros 15 dias de vida é essencialmente feita por insectos principalmente formigas, em que a progenitora corta a cabeça e deixa o resto para os pequenos perdigotos comerem.

O ácido fórmico das formigas actua como desparasitante natural.
As culturas agrícolas (sobretudo cereais), alternando com pousios são considerados habitats preferenciais para a perdiz, pois adaptam-se aos hábitos alimentares e as suas características físicas.

Os matagais entremeados de searas constituem bons habitats.

Como podemos ver na imagem um exemplo de cultura apropriada para a caça.
As praticas agrícolas são habitualmente consideradas influências positivas no habitat da perdiz.

Contudo hoje em dia o uso de cereais de ciclos curtos, colheitas precoces e o recurso a produtos químicos, apresentam mais efeitos negativos que positivos para a perdiz.
Fogos controlados, desmatações, sementeiras de cereais e outras intervenções no terreno são sempre positivas desde que garantida a tranquilidade nas épocas de acasalamento e nidificação, essencialmente nesta ultima pois poderá levar a destruição total de ninhos e seus ovos.
A predação das espécies, cinegéticas ou não, é um processo natural.

Embora ocorra preferencialmente sobre animais doentes ou inadaptados, também se exerce sobre indivíduos sãos ou jovens.

O impacto dos predadores sobre as populações das presas depende muito do equilíbrio entre essas populações, sendo importante sempre manter um equilíbrio não ter demasiados predadores porque atacarão com mais frequência os indivíduos sãos e jovens, mas também não tentar abater todos os predadores pois causará um aumento significativo dos animais doentes ou inadaptados transmitindo doenças a outros ou até alguma deformação a suas gerações.
A perdiz tem inúmeros predadores terrestres:
  • Raposa
  • Sacarrabos
  • Geneta
  • Gatos Selvagens
  • Fuinhas
  • Doninhas
  • Toirões





Predadores Alados:

§  Águias
§  Corujas
§  Milhafres
§  Gaviões
§  Entre outros

Sendo os piores predadores os predadores oportunistas como o javali, Pega, Corvo, cobras e sardões são estes predadores que destroem os ninhos comendo os ovos e os animais jovens.

A perdiz como ave sedentária e terrestre tem voos curtos e excelente corredora. Os voos normalmente rasteiros tentando confundir-se com o meio que a rodeia. Raramente se empoleira em árvores.
A perdiz é uma espécie que vive em bandos, este comportamento é uma forma de protecção contra predadores pois existem mais olhos e ouvidos e no momento da fuga muito ruidosa e confusa que baralha os predadores aumentando assim a probabilidade de fuga.

Os bandos são normalmente constituídos pelos dois progenitores e a respectiva ninhada.

Nos meses de Outono, com a escassez dos recursos alimentares, pode juntar bandos contíguos formando por vezes bandos com 20 a 30 perdizes podendo atingir 50 aves.

Quanto maior for o número de aves por bando maior será a carência de recursos disponíveis.
As fêmeas quando acompanhadas pelos perdigotos , tem uma atitude de defesa extra-ordinária , chamando sobre si as atenções dos predadores que deixam os perdigotos fugir. Passado o perigo a progenitora regressa e emite sons muito apelativos reunindo o bando.

Os perdigotos quando ameaçados rapidamente se escondem ficando com as pernas para cima para se confundirem com o meio ambiente.

Existem vários tipos de índices de presença, sendo os mais frequentes nesta espécie os:

§  Espojeiros – locais onde a perdiz se liberta das penas mais velhas e parasitas, onde toma banhos de terra.

§  Excrementos - fezes verde-e-branco, frescas e de dimensão considerável
§  Existem muito tipos diferentes de censos, mas os que mais se usam para perdiz são:
§  Censo por transepto – Este tipo de Censo é realizado através da realização de percursos fixos (previamente seleccionados) a pé, a cavalo ou com viatura.
§  Os percursos nunca se podem repetir nem cruzar para não haver erros de dupla contagem dos efectivos.

Para se realizar censos a perdizes, existe ainda a contagem dos efectivos utilizando o método da batida branca, onde existe uma linha de pessoas que contabilizam as aves (nos locais de porta) e uma linha de batedores em movimento em direcção a linha de contagem empurrando as perdizes para as portas onde serão contabilizadas.

Consoante o tipo contagem que se pretende fazer, podem-se realizar dois tipos de censos:
§  Censos de Casais
FEVEREIRO/MARÇO
(determinantes do potencial reprodutor efectivo)

§  Censos de Bandos
AGOSTO/SETEMBRO
(determinantes das quantidades a abater)

Após a realização dos censos e de sabermos como está a nossa população de perdiz poderemos passar a sua exploração.

A caça à perdiz-vermelha pode ser exercida de salto, de batida e de cetraria.

A caça de batida só é autorizada em regime ordenado.

A caça a esta espécie pode ser permitida nos meses de Outubro a Janeiro.

Em casos excepcionais e devidamente autorizado a perdiz pode ser caçada com chamariz ou negaça em terrenos ordenados nos meses de Fevereiro a Abril

De acordo com o calendário cinegético como se pode verificar no gráfico as épocas de caça a perdiz variam conforme se trate de terrenos ordenados e não ordenados.

A perdiz tem como quantitativo de abate em regime ordenado, o estipulado nos Planos de Exploração e Ordenamento Cinegético (para ZCA e ZCT) e os Planos anuais de Exploração nas Zonas de Caça Municipais, nestas ultimas não pode exceder as 2 por jornada.

Em terrenos não ordenados o limite diário é de 3 perdizes, este limite é estipulado pelo calendário venatório publicado anualmente

A Caça a Perdiz com arma de fogo só pode ser feita com caçadeira. Utilizando normalmente munições carregadas com chumbo numero 6 e 7.

O tiro à perdiz tem que ser feito à frente da peça, e não em cheio na peça, se não o tiro será retardado.

Para que a perdiz se possa explorar convenientemente para alem de se fazer censos para termos uma melhor noção do número de efectivos presentes, temos de fazer a conservação da espécies tentando melhorar o efectivo com algumas medidas de conservação como por exemplo:
Manutenção de Pontos de água, fazendo limpeza de pontos de água já existentes. Construir novos charcos e colocar bebedouros artificiais. 

Teremos ainda de realizar Sementeiras e colocação de comedouros artificias;

Disponibilizar locais ou zonas de abrigo e Controlar os predadores

Com isto terminamos a Biologia da Perdiz.